quarta-feira, 6 de agosto de 2014

THIAGO DE MELLO


Arte de amar

Não faço poemas como quem chora,

nem faço versos como quem morre.

Quem teve esse gosto foi o bardo Bandeira

quando muito moço; achava que tinha 

os dias contados pela tísica

e até se acanhava de namorar.



Faço poemas como quem faz amor.

É a mesma luta suave e desvairada

enquanto a rosa orvalhada

se vai entreabrindo devagar.

A gente nem se dá conta, até acha bom,

 o imenso trabalho que amor dá para fazer.



Perdão, amor não se faz.

Quando muito,  se desfaz.

Fazer amor é um dizer

(a metáfora é falaz)

de quem pretende vestir

com roupa austera a beleza

do corpo da primavera.

 O verbo exato é foder.

A palavra fica nua

para todo mundo ver

o corpo amante cantando

a glória do seu poder.





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